quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tudo é Bolha

Eu estava assistindo ontem o documentário "O Universo" do History Channel, episódio cujo tema era "Universos Paralelos". Já li alguns livros e artigos científicos que falam a respeito disso e confesso que o meu nível de entendimento vai até certo ponto, para além do qual, fico travado mentalmente. Bom, ontem não foi diferente mas ainda assim considero o assunto um tema muito fascinante.

A fronteira dianteira da física e cosmologia modernas especula a respeito dos universos paralelos e trabalha para encontrar uma forma de provar a existência desses "outros níveis de realidade". Teoria das cordas, teoria das membranas, multiversos, teoria quântica, princípio da incerteza, buracos negros, buracos de minhoca... São todos palavrões para nós, leigos em ciência, expressões cuja palavra "teoria" nos passa a falsa idéia de um conceito "capenga", um pensamento "mal-formado", "inexato", "impreciso" e que não merece muito crédito. Todavia, tratam-se de idéias muito bem fundamentadas em matemática, física e experimentação tecnológica de alto nível que não possuem nenhum aspecto de "chute", "crença" ou "idéia amadora".

E um dos temas abordados ficou martelando na minha cabeça até que hoje, na hora do almoço, tive um "flash", uma "revelação" (rs... até parece) de que TUDO É BOLHA. Calma... vou tentar explicar.

Uma das teorias abordadas dá conta de que a totalidade de tudo o que existe seria constituida por um paradoxal conjunto de universos, borbulhando em uma "sopa de bolhas de sabão", semelhante à espuma na superfície da água em uma banheira. Vários universos sendo criados e destruídos em uma sopa de bolhas, cada qual encerrando dentro de sua própria membrana de sabão um universo à parte. Nosso universo seria uma entre as inúmeras bolhas dessa espuma, sendo cada uma das outras bolhas universos paralelos ao nosso. Eu já tinha lido alguns artigos a respeito mas depois do documentário de ontem eu fiquei pensando se, muito antes de chegarmos a comprovar a existência de tais universos paralelos, nós já não temos aqui, em nossa própria dimensão, universos paralelos em um sentido um pouquinho diferente. Então, vamos lá...

No post anterior, intitulado "Evangelização", falo um pouco sobre a dinâmica dos paradigmas, como os mesmos podem funcionar como "bolhas", mantendo as pessoas dentro de uma forma de pensar, para fora da qual, dependendo das circunstâncias, existem poucas chances dessas pessoas terem acesso. E é nesse aspecto que eu quero fazer um "paralelo", com os "universos paralelos" (desculpem-me mas o trocadilho foi inevitável). As bolhas, na minha linha de raciocínio, serão a partir de agora sinônimo de paradigmas.

Se pararmos para pensar, todos nós estamos inseridos em um conjunto infinito de bolhas. Ao nascermos nesse mundo, estamos presos à nossa "bolha da individualidade", de uma forma que cada pessoa vê, sente e interpreta o mundo a sua volta de uma forma particular. Depois, quando começamos a crescer, participamos da primeira "bolha grupal" representada pela nossa família. Mais adiante, entramos na escola, a qual representa uma "bolha maior", coletiva. E depois, os grupos de amigos, os times de futebol, as religiões, os ambientes de trabalho, etc. Um país ou uma cultura também poderiam ser considerados como "bolhas sociais" e a própria Terra poderia ser encarada como a "bolha master", dentro da qual todos nós estamos inseridos. Abrangendo ainda a filosofia-tema deste blog, sabe-se lá quantas "outras bolhas" estariam espalhadas para além dos limites do nosso planeta, sendo representadas por criaturas inteligentes à milhares ou talvez milhões de anos à nossa frente... Logo, vemos que todos os agrupamentos de pessoas seriam nada mais do que bolhas de diferentes tamanhos, representando paradigmas de infinitas características. E aqui um detalhe interessante: as bolhas maiores contém as bolhas menores mas não o contrário. Ou seja, existem paradigmas maiores, dentro dos quais, outros paradigmas circulam mas esses paradigmas menores não têm acesso aos maiores... Ou será que seria possível sair de uma bolha menor para ter acesso à outras bolhas? Respondo já...

Continuando na analogia das bolhas com paradigmas, o que definiria os limites dessas bolhas, ou seja, as membranas de sabão? É a SATISFAÇÃO. A satisfação nos mantêm presos dentro dessas bolhas e nos fornecem os elementos determinantes de nossas CERTEZAS ABSOLUTAS. Quanto mais certezas nós possuímos, mais enclausurados estamos dentro de nossas tão amadas bolhas. Assim, infinitas mesclas de SATISFAÇÃO e CERTEZA definem os nossos limites de compreensão e atuação sobre o mundo.

Mas é possível quebrar esse ciclo vicioso. É possível sim ter acesso à outras bolhas e o que gerará esse movimento para fora da membrana é a INSATISFAÇÃO e a DÚVIDA. Ambas, se bem utilizadas, fomentarão CONHECIMENTO. E quanto mais conhecimento, mais capacidade teremos de sair de nossas bolhas individuais para ter acesso às outras bolhas, sejam as bolhas ao nosso redor, sejam as bolhas que estão acima da gente. É o conhecimento que nos dá a capacidade de participar de "bolhas maiores", enxergando "bolha dentro de bolha" e conseguindo vislumbrar a espuma da qual todos fazem parte. E é enxergando o "todo" que somos capazes de superar nossos limites e fazer a diferença em nossa vida, deixando algo de útil quando "partirmos desta para melhor".

O quanto estamos presos em nossas próprias bolhas? Quando assumiremos que estamos cada vez mais apegados às nossas próprias bolhas como se estas representassem a única realidade possível? Quanto que as nossas bolhas distorcem a nossa visão de mundo através de suas membranas de sabão? Quando teremos humildade de assumir que a manutenção doentia das nossas próprias bolhas é o maior ato de autocastração possível em nossa existência? E quando reconheceremos que somos absurdamente responsáveis pela manutenção de tudo aquilo que não presta em nossa sociedade através de nossas tão queridas bolhas?

Abs:
Marcio

2 comentários:

  1. O Universo é realmente fascinante, é tão fascinante que as pessoas ficam curiosas para encontrar sempre um por que e como. É tão simples acreditar que assim como um lindo castelo, ou um novo modelo de carro teve um projetista, o Universo também tem que ainda está criando coisas inacreditáveis.Os cientistas já descobriram muitas coisas a respeito da posição da Terra no sistema solar, e sobre a órbita, o tamanho e a massa perfeitamente projetados de nossa Lua. A disposição e interação desses corpos celestes possibilitam as belas e periódicas mudanças de estação. E muito já aprendeu sobre a regulagem perfeita das forças naturais do Universo. Assim, num artigo, em inglês, intitulado " O Universo projetado 'na medida'" , um professor de engenharia mecânica observou: " É muito fácil entender por que tantos cientistas mudaram de opinião no últimos 30 anos, concordando agora que exige uma enorme dose de fé crer que o Universo pode ser explicado como nada mais do que um não planejado acidente cósmico. A evidência de que existe um projetista inteligente é tanto mais incisiva quanto mais entendemos nosso ambiente cuidadosamente construído."

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  2. Olá Anônimo,

    O que você escreveu está relacionado com aquilo que, em Física e em Cosmologia, é denominado de "Princípio Antrópico". De acordo com o Wikipedia, o Princípio Antrópico estabelece o seguinte:

    "Qualquer teoria válida sobre o universo tem que ser consistente com a existência do ser humano. Em outras palavras, o único universo que podemos ver é o universo que possui vida. Se existe outro tipo de universo, nós não podemos existir para vê-lo.

    O princípio antrópico divide-se em princípio antrópico forte e princípio antrópico fraco. O princípio antrópico forte afirma, em geral, que o Universo comportou-se de forma a adaptar-se ao Homem. O fraco diz que o Universo comportou-se de forma a surgir o homem, sem esse pleito pré-definido.

    "A natureza é primorosamente ajustada para a possibilidade de vida no planeta Terra: se a força gravitacional fosse reduzida ou aumentada em 1%, o Universo não se formaria; por uma minúscula alteração na força eletromagnética, as moléculas orgânicas não se uniriam. Nas palavras do físico Freeman Dyson, parece que o 'Universo sabia que estávamos chegando'. O Universo não se assemelha a um lance de dados aleatório. Parece pura e simplesmente proposital [1]

    "Vemos o universo da maneira como ele é porque, se fosse diferente, não estaríamos aqui para vê-lo". [2]

    Hawking trabalha com a hipótese de que a natureza continuamente gera universos diferentes uns dos outros. Desses universos poucos geram vida inteligente. O nosso Universo gerou vida inteligente, ao acaso, mas quando nos admiramos do nosso universo, devemos levar em conta que ele é admirável porque estamos aqui, vivos e inteligentes para admirá-lo, enquanto um sem número de universos que não vemos são hostis à vida, inteligente ou não (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Princípio_antrópico)."

    O Princípo Antrópico não é uma unanimidade no meio científico. Muitos nem consideram tal princípio como uma teroria válida. De qualquer maneira, algumas pessoas são inclinadas a sugerir que o Princípo Antrópico é a evidência de que Deus existe. Outros, preferem alegar que não seria Deus propriamente dito mas alguma criatura inteligente ou até mesmo uma civilização hiperavançada de um universo anterior ao nosso que acabou criando o universo no qual estamos inseridos. Mesmo na hipótese de que isso sugere fortemente que Deus existe (não disponho de elementos para dar uma opinião formada a respeito, haja visto ainda o que expõe a teoria dos multiversos), creio que a concepção tradicional sobre o que seria Deus é algo incompatível com este tipo de cenário. Teríamos que rever profundamente o que seria este hipotético Poder Criador.

    Abs:
    Marcio

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