segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Especulação a Serviço da Reflexão

Muitas pessoas podem perguntar, de acordo com o texto de apresentação deste blog, como a especulação sobre a existência de vida extraterrestre poderia fomentar a reflexão sobre o que somos, de onde viemos e para onde vamos. Bom, isso seria mais ou menos da mesma forma que o campo da exobiologia se articula. Para quem não sabe, a exobiologia é o ramo da ciência que estuda e pesquisa como a vida poderia surgir no universo, grande parte do tempo pesquisando sobre as origens da vida aqui mesmo na Terra, por questões óbvias de facilidade de acesso.

Visitando regiões inóspitas do planeta como crateras de vulcões, cavernas muito profundas, regiões polares e fossas oceânicas para descobrir como a vida pode se desenvolver em condições tão extremas, os cientistas descobriram as fantásticas bactérias extremófilas, organismos que são capazes de se desenvolver em condições até então impensadas de temperatura, iluminação, pressão, acidez, etc. Já que as condições fora da Terra são extremamente diferenciadas, foi preciso ter acesso às regiões extremas do planeta para tentarmos nos aproximar ao máximo do que seria a atmosfera de uma planeta como Marte ou Vênus ou outros corpos celestes como asteróides e cometas. Estudando como esses organismos se desenvolvem, os exobiologistas acabam por encontrar repostas de como a vida surgiu aqui na Terra também.

Esse método comparativo também serve de analogia para parte daquilo que eu tentei desenvolver no texto de apresentação. Na hipótese de um encontro amigável com seres alienígenas inteligentes, havendo a possibilidade de comunicação, o mais natural seria o surgimento de algumas perguntas do tipo:

Da onde é que eles vêm? Onde estão localizados os seus planetas de origem? Que tipo de tecnologia empregaram para superar as distâncias astronômicas aparentemente intransponíveis para nós? Depois, como são os seus mundos: sua constituição física, química, atmosférica, etc. E em seguida, as perguntas mais complicadas: como será a civilização desses seres? Quais serão os prodígios científicos e/ou tecnológicos alcançados pela estrutura de suas sociedades? A constituição social de seus mundos de origem é parecida com a nossa? Possuem algum sistema político predominante? Esse sistema poderia ser comparado com algum tipo de estrutura política empregada em nosso mundo? Como estão estruturados os seus meios de produção? Conquistaram aquilo que nós poderíamos denominar de modelo econômico ideal? Ou enfrentam algum distúrbio social como miséria, desemprego, violência, ou segregação? Lutam por alguma espécie de ideologia? Seguem à risca um determinado conjunto de valores morais? Possuem religiões? Acreditam em algum deus? Existe verdadeiramente alguma espécie de deus para eles? Depositam a fé em alguma coisa tida como superior? Ou acreditam tão somente naquilo que é possível lidar em seu cotidiano? Tiveram ao longo da sua história personalidades importantes como Jesus, Maomé, Buda ou algo parecido? Foram influenciados por alguma espécie de movimento místico e/ou esotérico? Acreditam em reencarnação? Descobriram coisas a respeito da vida que nós sequer desconfiamos? Qual é a visão de mundo desses seres? E com que objetivo vieram ao nosso mundo?

Vemos que, mesmo para fazer esse punhado de perguntas muito simples, seria preciso saber perguntar, tendo como inevitável referência de comparação nossa própria sociedade e história. E em razão de todas as possíveis respostas para estas perguntas, será que estaríamos preparados para ouvir o que os extraterrestres teriam a nos dizer? Será que os nossos sistemas políticos, econômicos, sociais, culturais ou religiosos agüentariam incólumes o impacto causado por um provável choque entre duas realidades completamente diferentes? Será que as nossas autoridades bem como as corporações e/ou instituições mais poderosas do nosso planeta estariam dispostas a ceder espaço para uma nova ordem mundial emergente, já que é isso o que representaria, basicamente, a hipotética chegada de uma civilização extraterrestre em nosso mundo? Neste caso, em particular, não estamos falando apenas de tecnologia, mas também de um aspecto mais amplo que é o desenvolvimento da cultura. Ora, é possível imaginar a existência de uma tecnologia muito avançada sem o conceito básico de uma civilização para poder construí-la? Uma civilização que teria conseguido superar barreiras para nós até hoje intransponíveis — como viajar pelo vastíssimo espaço e driblar a inabalável fronteira do tempo — , chegando até nós com uma tecnologia cujo conhecimento escapa totalmente da nossa atual capacidade de raciocínio só poderia ser considerada como avançada em toda a sua estrutura e não apenas cientificamente. Desta maneira, o início de um longo processo de comparação seria inevitável, estimulando a reflexão sobre aquilo que somos, sabemos, fazemos ou cremos com uma hipotética sociedade extraplanetária.

Não precisamos de um contato alienígena para fazer tais reflexões. Na verdade, ao observarmos um OVNI, um astro por meio de um telescópio amador ou um simples céu estrelado a olho nu esse mecanismo já pode ser automaticamente acionado. Dependerá apenas de quanto satisfeitos estamos em relação às respostas existentes.

Abs:
Marcio

3 comentários:

  1. Engraçado né? Toda vez que paro para pensar nisso fico meio doida....dá pane né?
    Bjobjo...

    ResponderExcluir
  2. Interessante essas suas perguntas e curiosidades que acaba sendo de vc e de muitas pessoas por ai, principalmente a minha, onde o no nosso dia - a - dia acaba surgindo várias dúvidas a respeito.
    Muitas vezes vivenciamos ou vemos alguém comentar que já passou por tal experiência, em que isto jah é um grande começo para discutirmos e compartilharmos estes momentos, quem sabe assim chegaremos em alguma conclusão ou apenas saber mais sobre o assunto.

    Bjos

    ResponderExcluir
  3. É isso aí Erica. Temos que encarar a dúvida como uma ferramenta de busca, questionamento, aprendizado e mudança. Normalmente, encaramos a dúvida como uma fraqueza, um defeito da nossa psiquê, mas na verdade é uma arma muito poderosa contra a mesmice, o continuismo e o status-quo. Sabendo explorar através da curiosidade, do diálogo e do questionamento, a dúvida pode ser nossa aliada na jornada pelo caminho do conhecimento.

    Bjs...

    ResponderExcluir