quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você Acredita em ET?

A pergunta acima, tão popular em nossa cultura, é um questionamento baseado em uma premissa muito errada. O assunto não pode ser tratado como uma simples questão de fé, como quem pergunta se acreditamos em duendes, anjos, fadas, fantasmas, etc. Muito pelo contrário: a temática requer necessariamente uma profunda investigação sem a qual torna-se insensato qualquer tipo de conclusão. Apenas dizer que o fenômeno não existe antes de efetuarmos qualquer investigação de considerável abrangência é tão incoerente quanto dizer que o fenômeno simplesmente existe sem qualquer base de estudo sério que apoie essa argumentação. Na verdade, este tipo de posicionamento constitui o ponto fundamental que separa os conceitos de ciência e religião nos dias de hoje: muitas pessoas preferem acreditar ao invés de saber. Ou seja, o que separa o cientista de um religioso é que enquanto o primeiro busca conhecer o segundo busca acreditar. A diferença entre conhecer e acreditar, embora aparentemente óbvia, é algo bastante subjetivo quando o assunto em questão é a temática ufológica. Ora, é muito mais fácil acreditar do que conhecer, posto que para acreditar faz-se imperativo tão somente assumir um posicionamento específico segundo nossas crenças, interesses, simpatias ou aspirações. Contudo, o conhecimento exige estudo, sacrifício e resultados a longo prazo, não necessariamente à favor de uma conclusão predeterminada. Assim, a ciência age da forma mais difícil ao passo que a religião funciona da forma mais fácil, fornecendo as respostas "definitivas" para os satisfeitos e preguiçosos. As complexidades envolvidas na construção do conhecimento empírico, na maioria das vezes indesejáveis para uma mente ávida por respostas (sejam elas de natureza fácil ou difícil), acabam aproximando a Ufologia mais de uma questão religiosa a ser defendida do que de um fenômeno concreto a ser estudado.

Paradoxalmente, algumas vezes até certos cientistas acabam embarcando em uma visão religiosa por “acreditarem” que o fenômeno não é real sem a devida investigação prévia. O ponto central desse posicionamento, obviamente, não é o fato dos cientistas em questão possuírem um comportamento gnóstico e sim o fato de que agem segundo seus próprios paradigmas e interesses. Paradigmas opostos, no entanto, podem fazer da exploração da temática extraterrestre algo extremamente útil, contribuindo, por exemplo, no entendimento de como a vida surgiu e desenvolveu-se aqui na Terra. Uma vez que a área de estudo deve incluir disciplinas como Física, Astronomia, Cosmologia, Metereologia, Engenharia Aeroespacial, Microbiologia, Exobiologia, Antropologia e até Filosofia, é óbvio concluir que o resultado dessas investigações pode trazer muitos benefícios para o investigador. Contudo, o campo de estudo talvez mais negligenciado nas investigações ufológicas, o qual poderia trazer muita luz ao presente estudo, é o ramo da Psicologia/Psiquiatria. O fenômeno humano é sem dúvida muito mais complexo que o "fenômeno alienígena" e dá pleno arsenal para manchar a imparcialidade nas investigações com toda a sorte de equívocos, mitos e crenças antes mesmo dessas investigações começarem. Todos os envolvidos, sejam ufólogos, testemunhas, interessados, fanáticos ou céticos fazem parte do "panteão humano" que deve ser muito bem conhecido antes de tomarmos um posicionamento a respeito. E quem leva a investigação adiante (geralmente um ufólogo) não pode nunca esquecer que deve ser objeto de questionamento, tão ou talvez mais intensamente questionado que o próprio assunto investigado.

A polêmica questão, obviamente, ficará muito mais a critério de cada leitor do que à mercê de uma posição oficial, definitiva e portanto extremamante limitada a respeito de todas as implicações do fenômeno ufológico. Especular sobre a exstência de vida alienígena e a possibilidade de algumas civilizações estarem visitando a Terra é tentar lidar com deduções muito além dos paradigmas culturais da nossa sociedade, sendo portanto qualquer estudo ou interpretação aspectos que devem ser meticulosamente revistos com o passar do tempo. A mensagem que fica, no entanto, fundamenta-se na imensa possibilidade de um confronto mundial com a realidade extraterrestre ocorrer mais cedo ou mais tarde, seja através da iniciativa por parte deles em aparecer de forma aberta em nosso planeta, ou seja por intermédio de um encontro casual e inegável com esses seres no espaço, ainda que de forma remota por uma sonda ou robô. Sob este aspecto, a honesta análise da história da raça humana bem como toda a problemática sócio-cultural do período em que vivemos revela-nos um quadro permeado pela nossa incapacidade atávica em lidar com os relacionamentos humanos. E se houver em nós o sincero interesse de sermos exploradores do espaço dignos de usufruir da sua incomensurável grandeza faz-se necessário uma ampla reavaliação das relações humanas em nosso pequenino planeta. Só assim estaremos respondendo positivamente a uma questão ainda mais perturbadora que o título deste post:

“Existe vida inteligente no planeta Terra?”

Abs:
Marcio

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