Hoje fui "agraciado" com um folheto de divulgação de uma igreja evangélica. Sabe aqueles folhetos que objetivam atrair novos seguidores na base do susto e/ou ameaça? Pois bem, eu já estava prestes a jogar o folheto fora quando o primeiro parágrafo chamou minha atenção:
"Confie no Senhor de todo o coração e não se apóie na sua própria inteligência. Lembre de Deus em tudo o que fizer, e ele lhe mostrará o caminho certo." - Provérbios 3.5-6
Ao ler essa passagem bíblica, a primeira coisa que me veio à cabeça foi escrever por aqui. Por quê? Porque ela sintetiza com muita maestria muitas coisas que odiamos em uma única frase: autoritarismo, fanatismo, manipulação, abuso de poder, menosprezo pela individualidade e aniquilação da razão. Como uma das propostas deste blog é questionar os paradigmas tradicionais, nada mais justo do que começar por um dos livros mais remexidos de toda a História: "A Bíblia".
Em outras palavras, a primeira frase diz: "Não pense com sua própria cabeça, oriente-se pelo que Deus (a Bíblia, por consequência) tem a dizer." E muitos dirão: "Ora, a Bíblia não deve ser interpretada ao pé da letra". E aí eu pergunto: se não, porque certas passagens são tomadas livremente como verdades literais (de acordo com o gosto do freguês) e outras são consideradas livremente como licenças poéticas? Quais os critérios utilizados para considerar uma ou outra possibilidade? E que raio de interpretação subjetiva uma frase como essa poderia ter? Será que não tendemos a defender com unhas e dentes um texto, mesmo que totalmente inaceitável, só pelo fato dele estar associado com os nossos mais arraigados conceitos de "sagrado"? Em que ponto estamos traindo a nossa própria razão? Até onde fomos programados a negar veementemente as evidências contra as coisas que consideramos como "intocáveis"? Até que ponto estaríamos realmente a fim de saber?
A Bíblia está cheia de absurdos como este. A partir de hoje, eu farei uma visita à certas passagens bíblicas com o intuito de, ao contrário do que prega a frase supracitada, incentivar muito o exercício da nossa inteligência.
Abs:
Marcio