O acordo foi assinado no final do ano passado pelo presidente e o Papa Bento XVI em uma solenidade a portas fechadas. O texto apresenta um teor retrógrado sem tamanho, colocando nosso país na mesma situação da determinação republicana do final do século 19, a qual separou as instâncias entre Igreja e Estado. E isso é só o começo do retrocesso. Podemos recuar ainda mais...
“Nas escolas municipais do Rio foram interrompidas as aulas de educação sexual [em que se ensinava sobre DSTs, fecundação…] para dar lugar ao ensino religioso, por segmentos católicos e pentecostais que são contra a descriminalização do aborto e pregam a abstinência sexual antes do casamento. Esta lei foi sancionada pelo governo Rosinha Garotinho. Também nas universidades o movimento conservador avança muito. Na Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense testemunhei que, ao meio dia, funcionários vão para um culto religioso” (fonte: blog "Mulheres de Olho").
Se o negócio já está neste nível (confesso que fiquei embasbacado quando li), com que intuito o governo fez um “acordo na surdina” para piorar ainda mais, dando poderes à uma religião em particular e com isso gerando mais ódio e repúdio por parte das religiões menos representativas? E outra: quem perguntou se eu quero que os altíssimos impostos que eu pago sejam revertidos na manutenção e proliferação da Igreja? Isso é um atentado à minha liberdade! É dízimo imposto pelo governo! Não posso ser conivente com tamanho absurdo!
É meus amigos... Isso só vai piorar muito as coisas de agora em diante. Minhas previsões não estavam equivocadas em relação ao seu conteúdo e sim em relação ao tempo que demoraria para elas se concretizarem. Além de uma sociedade menos racional agora somos testemunhas de um governo menos racional e mais religioso. Isso, não pode acabar bem. Como ficarão os os ateus e os agnósticos diante de um governo mais religioso? Como ficarão os budistas, muçulmanos, umbantistas e hinduístas? Como ficarão os evangélicos, como a religião que mais ganha espaço em nosso país, diante de privilégios jurídicos que o governo intenciona dar ao Vaticano? Seremos um país mais ecumênico e pacífico por conta dessa arbitrária decisão do Estado em defender uma religião específica? Podem ter certeza que não...
A religião existe desde que o mundo é mundo e nem por isso o ser humano deixou de ser mais violento, tirano, manipulador e ignorante; muito pelo contrário, a religião sempre foi fonte de revolta, conflitos, violência, opressão e guerras. O velho chavão de que uma sociedade mais religiosa significa uma sociedade mais pacífica nunca esteve tão absurdamente voltado de costas para um mundo melhor. Não se garante liberdade religiosa fazendo acordos com uma religião específica. Historicamente, sabemos que isso sempre deu muito errado...