terça-feira, 15 de setembro de 2009

Brasil Abre as Pernas Para o Vaticano

Eu estava errado ao mencionar ao longo de vários posts neste blog que estávamos caminhando rapidamente para uma Segunda Idade das Trevas. Na verdade, a Segunda Idade das Trevas pode estar já começando! O Brasil está prestes a deixar de ser oficialmente (extra-oficialmente nunca foi) um país laico! A Câmara dos deputados aprovou no último dia 26 o texto base da ratificação do acordo entre Brasil-Vaticano, o qual foi propositalmente mantido em segredo pelo nosso querido presidente Lula, sem dar qualquer satisfação ou submeter a sociedade brasileira à um referendo popular (não é de hoje que eu sinto cheiro de ditadura no ar). Uma pesquisa do IBOPE encomendada pelo grupo “Católicas pelo Direito de Decidir” mostra que 78% dos entrevistados são contrários ao acordo entre Brasil e a Santa Sé. Na pesquisa, até os católicos mostraram-se contra (pasmem!).

O acordo foi assinado no final do ano passado pelo presidente e o Papa Bento XVI em uma solenidade a portas fechadas. O texto apresenta um teor retrógrado sem tamanho, colocando nosso país na mesma situação da determinação republicana do final do século 19, a qual separou as instâncias entre Igreja e Estado. E isso é só o começo do retrocesso. Podemos recuar ainda mais...

O acordo garante uma série de altos privilégios para a Igreja Católica, tais como isenções fiscais para rendas e patrimônios de pessoas jurídicas eclesiásticas, manutenção, com recursos públicos, do patrimônio cultural da Igreja Católica como prédios, acervos, documentos etc., assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar e por aí vai. Além disso, o ensino religioso nas escolas públicas (o qual, do jeito como está, já é um absurdo inaceitável) vai ficar ainda mais abominável com o aumento das garantias da Igreja Católica de manutenção das aulas de religião. Isso abre terreno para a evangelização e doutrinamento de nossas crianças por um modelo estigmatizante e padronizado. A visão de mundo dos nossos jovens, já tão estreita em parte pela influência do Cristianismo, ficará muito pior pelo estabelecimento do Catolicismo no topo da hierarquia religiosa nacional, apoiada pelo próprio poder do Estado. Por conta desse agravamento do modelo educacional público através da interveção da Santa Sé, é oportuno divulgar o depoimento de uma professora do Estado do Rio de Janeiro, a qual comentou que o Estado laico, na verdade, já está morto:

“Nas escolas municipais do Rio foram interrompidas as aulas de educação sexual [em que se ensinava sobre DSTs, fecundação…] para dar lugar ao ensino religioso, por segmentos católicos e pentecostais que são contra a descriminalização do aborto e pregam a abstinência sexual antes do casamento. Esta lei foi sancionada pelo governo Rosinha Garotinho. Também nas universidades o movimento conservador avança muito. Na Escola de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense testemunhei que, ao meio dia, funcionários vão para um culto religioso” (fonte: blog "Mulheres de Olho").

Se o negócio já está neste nível (confesso que fiquei embasbacado quando li), com que intuito o governo fez um “acordo na surdina” para piorar ainda mais, dando poderes à uma religião em particular e com isso gerando mais ódio e repúdio por parte das religiões menos representativas? E outra: quem perguntou se eu quero que os altíssimos impostos que eu pago sejam revertidos na manutenção e proliferação da Igreja? Isso é um atentado à minha liberdade! É dízimo imposto pelo governo! Não posso ser conivente com tamanho absurdo!

É meus amigos... Isso só vai piorar muito as coisas de agora em diante. Minhas previsões não estavam equivocadas em relação ao seu conteúdo e sim em relação ao tempo que demoraria para elas se concretizarem. Além de uma sociedade menos racional agora somos testemunhas de um governo menos racional e mais religioso. Isso, não pode acabar bem. Como ficarão os os ateus e os agnósticos diante de um governo mais religioso? Como ficarão os budistas, muçulmanos, umbantistas e hinduístas? Como ficarão os evangélicos, como a religião que mais ganha espaço em nosso país, diante de privilégios jurídicos que o governo intenciona dar ao Vaticano? Seremos um país mais ecumênico e pacífico por conta dessa arbitrária decisão do Estado em defender uma religião específica? Podem ter certeza que não...

A religião existe desde que o mundo é mundo e nem por isso o ser humano deixou de ser mais violento, tirano, manipulador e ignorante; muito pelo contrário, a religião sempre foi fonte de revolta, conflitos, violência, opressão e guerras. O velho chavão de que uma sociedade mais religiosa significa uma sociedade mais pacífica nunca esteve tão absurdamente voltado de costas para um mundo melhor. Não se garante liberdade religiosa fazendo acordos com uma religião específica. Historicamente, sabemos que isso sempre deu muito errado...

Boa sorte a todos:

Marcio

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você Acredita em ET?

A pergunta acima, tão popular em nossa cultura, é um questionamento baseado em uma premissa muito errada. O assunto não pode ser tratado como uma simples questão de fé, como quem pergunta se acreditamos em duendes, anjos, fadas, fantasmas, etc. Muito pelo contrário: a temática requer necessariamente uma profunda investigação sem a qual torna-se insensato qualquer tipo de conclusão. Apenas dizer que o fenômeno não existe antes de efetuarmos qualquer investigação de considerável abrangência é tão incoerente quanto dizer que o fenômeno simplesmente existe sem qualquer base de estudo sério que apoie essa argumentação. Na verdade, este tipo de posicionamento constitui o ponto fundamental que separa os conceitos de ciência e religião nos dias de hoje: muitas pessoas preferem acreditar ao invés de saber. Ou seja, o que separa o cientista de um religioso é que enquanto o primeiro busca conhecer o segundo busca acreditar. A diferença entre conhecer e acreditar, embora aparentemente óbvia, é algo bastante subjetivo quando o assunto em questão é a temática ufológica. Ora, é muito mais fácil acreditar do que conhecer, posto que para acreditar faz-se imperativo tão somente assumir um posicionamento específico segundo nossas crenças, interesses, simpatias ou aspirações. Contudo, o conhecimento exige estudo, sacrifício e resultados a longo prazo, não necessariamente à favor de uma conclusão predeterminada. Assim, a ciência age da forma mais difícil ao passo que a religião funciona da forma mais fácil, fornecendo as respostas "definitivas" para os satisfeitos e preguiçosos. As complexidades envolvidas na construção do conhecimento empírico, na maioria das vezes indesejáveis para uma mente ávida por respostas (sejam elas de natureza fácil ou difícil), acabam aproximando a Ufologia mais de uma questão religiosa a ser defendida do que de um fenômeno concreto a ser estudado.

Paradoxalmente, algumas vezes até certos cientistas acabam embarcando em uma visão religiosa por “acreditarem” que o fenômeno não é real sem a devida investigação prévia. O ponto central desse posicionamento, obviamente, não é o fato dos cientistas em questão possuírem um comportamento gnóstico e sim o fato de que agem segundo seus próprios paradigmas e interesses. Paradigmas opostos, no entanto, podem fazer da exploração da temática extraterrestre algo extremamente útil, contribuindo, por exemplo, no entendimento de como a vida surgiu e desenvolveu-se aqui na Terra. Uma vez que a área de estudo deve incluir disciplinas como Física, Astronomia, Cosmologia, Metereologia, Engenharia Aeroespacial, Microbiologia, Exobiologia, Antropologia e até Filosofia, é óbvio concluir que o resultado dessas investigações pode trazer muitos benefícios para o investigador. Contudo, o campo de estudo talvez mais negligenciado nas investigações ufológicas, o qual poderia trazer muita luz ao presente estudo, é o ramo da Psicologia/Psiquiatria. O fenômeno humano é sem dúvida muito mais complexo que o "fenômeno alienígena" e dá pleno arsenal para manchar a imparcialidade nas investigações com toda a sorte de equívocos, mitos e crenças antes mesmo dessas investigações começarem. Todos os envolvidos, sejam ufólogos, testemunhas, interessados, fanáticos ou céticos fazem parte do "panteão humano" que deve ser muito bem conhecido antes de tomarmos um posicionamento a respeito. E quem leva a investigação adiante (geralmente um ufólogo) não pode nunca esquecer que deve ser objeto de questionamento, tão ou talvez mais intensamente questionado que o próprio assunto investigado.

A polêmica questão, obviamente, ficará muito mais a critério de cada leitor do que à mercê de uma posição oficial, definitiva e portanto extremamante limitada a respeito de todas as implicações do fenômeno ufológico. Especular sobre a exstência de vida alienígena e a possibilidade de algumas civilizações estarem visitando a Terra é tentar lidar com deduções muito além dos paradigmas culturais da nossa sociedade, sendo portanto qualquer estudo ou interpretação aspectos que devem ser meticulosamente revistos com o passar do tempo. A mensagem que fica, no entanto, fundamenta-se na imensa possibilidade de um confronto mundial com a realidade extraterrestre ocorrer mais cedo ou mais tarde, seja através da iniciativa por parte deles em aparecer de forma aberta em nosso planeta, ou seja por intermédio de um encontro casual e inegável com esses seres no espaço, ainda que de forma remota por uma sonda ou robô. Sob este aspecto, a honesta análise da história da raça humana bem como toda a problemática sócio-cultural do período em que vivemos revela-nos um quadro permeado pela nossa incapacidade atávica em lidar com os relacionamentos humanos. E se houver em nós o sincero interesse de sermos exploradores do espaço dignos de usufruir da sua incomensurável grandeza faz-se necessário uma ampla reavaliação das relações humanas em nosso pequenino planeta. Só assim estaremos respondendo positivamente a uma questão ainda mais perturbadora que o título deste post:

“Existe vida inteligente no planeta Terra?”

Abs:
Marcio

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Crescei e Multiplicai-vos

Ao aguardar um prato feito em um restaurante do Top Center da Avenida Paulista, fiquei obervando quantas pessoas trafegavam pelo local. Já havia notado o enorme fluxo de pessoas na calçada e agora observava os transeuntes indo e vindo, subindo e descendo as escadas rolantes, desputando um lugar para comer em uma praça de alimentação completamente lotada.

Ao observar todo o movimento, fiquei especulando sobre o quanto somos hoje em dia e quais as consequências do nosso impacto sobre o meio ambiente. Em um artigo da Veja online eu li recentemente que a população mundial atual gira em torno de 6,8 bilhões, chegando aos 7 bilhões em 2012 e aos 9 bilhões em 2050! E aí eu me pergunto: para que tanta gente? Isso é realmente necessário? Ou, muito pelo contrário, é um sinalizador de um problema seríssimo que é o crescimento desenfreado e sem lógica da raça humana, análogo ao crescimento indesejado de um câncer? Se pararmos para analisar a questão em profundidade, veremos que infelizmente somos um problema tanto para o planeta Terra.

Quem viu o documentário da NatGeo Hits chamado “O Consumo Humano” (Human Footprint) sabe o quão assustador é o nosso impacto predatório sobre o meio ambiente. As estatísticas foram feitas com base no consumo médio dos ingleses ao longo de suas vidas, resultando em números alarmantes por indivíduo: 74.800 xícaras café, 30.000 barras de chocolate, 8 carros, 7.163 banhos, 656 sabonetes, 11.000 absorventes femininos, 6.000 litros cervejas, 1.694 garrafas de vinhos, 4.388 rolos de papel sanitário, 50 toneladas de comida e por aí vai. Agora, imaginem isso multiplicado por 7 ou 9 bilhões de pessoas!

Em que pese aqui a imensa complexidade do tema, a ausência de controle da natalidade deve-se, em parte, à influência da religião. A popular expressão bíblica “Crescei e multiplicai-vos” (Genesis 1:28) costuma ser usada para justificar o comportamento completamente fora de controle no que se refere à temática da procriação. Mas pior ainda é o restante do versículo: “Enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra”. Ou seja, “atue sobre o mundo de uma forma predatória”, dando idéia de que além de ser desejável uma multiplicação desenfreada, os recursos naturais existem para serem explorados à vontade pelo ser humano. Sim, está na Bíblia, com todas as letras para quem quiser enxergar.

O fato do Vaticano ser contra o uso da camisinha assim como outras vertentes cristãs são a favor do sexo apenas para finalidades reprodutivas é uma forma totalmente inconsequente e prejudicial de ver o mundo. A disseminação de doenças sexualmente transmissíveis e o total descontrole sobre a natalidade são os resultados nefastos da visão pecaminosa envolvendo o sexo que o Cristianismo dissemina de uma forma ou de outra. A reprovação do prazer sexual, então, só pode ser encarado como uma piada e mostra-se totalmente na contramão da abordagem de outras crenças que encaram o prazer sexual com muita naturalidade (vide a filosofia tântrica no Hinduísmo ou a divindade Baco – ou Dionísio – dentro do panteão greco-romano).

Isso sem mencionarmos a questão do estupro. A recente polêmica causada pela barbaridade envolvendo o caso da menina de 9 anos em Alagoinha, Pernambuco, que foi estuprada pelo padrasto e ficou grávida de gêmeos é um claro exemplo de total despreparo da Igreja para lidar com o assunto. A menina foi submetida à uma cirurgia para interromper a gravidez de altíssimo risco e depois, o infeliz Arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, comentou que o aborto é um crime mais grave do que o estupro, excomungando da Igreja Católica a mãe e os médicos envolvidos no procedimento cirúrgico (vejam a matéria no site da Folha). O estuprador não foi excomungado (pasmem!) e o enorme sofrimento da menina de 9 anos foi completamente desconsiderado pelo religioso.

Assim, vemos que a abordagem do sexo, do controle da natalidade, da procriação e do estupro por parte do Cristianismo reflete apenas um aspecto da influência perniciosa desta religião sobre os rumos do mundo. Outros aspectos negativos da sua forte influência sobre a sociedade serão abordados mais adiante, em um momento mais oportuno.

Enquanto isso, sugiro que façamos muito sexo regrado apenas por uma boa dose de consciência.

Abs:

Marcio